Publicado originalmente em inglês em 08/01/2021
Os últimos dois meses foram bastante agitados para a gigante chinesa do e-commerce Alibaba Holdings (NYSE:BABA) (SA:BABA34).
Suas ações, depois de atingirem a máxima recorde de US$ 319,28 no fim de outubro, perderam mais de um quarto do seu valor.
Há sinais de que o pior ainda não passou para a empresa cofundada pelo lendário empreendedor Jack Ma. A forte queda inicial das ações do BABA teve início em novembro, depois que autoridades chinesas tomaram medidas enérgicas contra o império digital de Ma, ao bloquear a oferta inicial de ações de US$ 35 bilhões do seu braço financeiro Ant Group.
Os órgãos reguladores ordenaram que a Ant, na qual o Alibaba tem participação de 33%, elaborasse um plano de recertificação e implementasse um cronograma para a reformulação dos seus negócios, incluindo seus serviços de crédito, seguro e gestão de patrimônio.
O movimento desencadeou uma série de decretos regulatórios que ameaçam alterar completamente o cenário de operações online na China, inclusive novas regras antimonopólio e um quadro legal para coibir comportamentos anticoncorrenciais, como conluio para compartilhar dados de consumidores, alianças para retirar concorrentes menores e subsídios de serviços abaixo do custo para eliminar competidores.
Esses movimentos regulatórios, se aprovados, podem enfraquecer substancialmente a Alibaba e outras operadoras de internet da China, além de mudar seus modelos de negócios. No mês passado, o principal órgão regulador do país afirmou que estava investigando se a Alibaba abusou da sua posição dominante de mercado no varejo online com iniciativas como exigir que os comerciais vendessem produtos exclusivamente em suas plataformas.
No contexto chinês, entretanto, é difícil saber o que está por trás dessas ações regulatórias: será que é só um órgão regulador tentando corrigir os desequilíbrios de mercado? Ou será que se trata de um movimento político?
Iniciativa política ou regulatória?
Os atuais problemas de Ma começaram logo depois que ele enfureceu os líderes chineses ao criticar as normas financeiras do país e citar uma frase do presidente Xi Jinping em um controverso discurso, de acordo com o Wall Street Journal.
Essa complexa situação não favorece os investidores que desejam aproveitar essa fraqueza para comprar ações do BABA que, segundo analistas, ficou barata em razão do imenso crescimento da empresa nas compras digitais e da rápida expansão dos seus negócios na nuvem.
Colin Sebastian, analista da Baird, cortou o preço-alvo do BABA de US$ 325 para US$ 285 em uma nota recente, afirmando que “é muito difícil prever o resultado” da investigação.
O processo “não irá mudar significativamente o core business da empresa”, mas a regulação mais intensa “pode abrir a porta para concorrentes, como players regionais menores, aumentarem sua participação de mercado”, declarou Sebastian. Isso pode afetar o crescimento do Alibaba, mas não terá um impacto muito grande.
A KeyBanc Capital Markets, por outro lado, afirmou que a recente fraqueza da ação gerou uma atraente oportunidade de compra e classificou o papel como overweight (acima da média do mercado), definindo seu preço-alvo em US$ 355.
Além da ação regulatória na China, o BABA também pode ser o principal alvo da guerra comercial sino-americana, outro fator capaz de reduzir sua atratividade como investimento. Ontem, saíram reportagens na mídia dizendo que o governo Trump está estudando barrar os investimentos no Alibaba e Tencent Holdings (OTC:TCEHY).
Os departamentos de Estado, Defesa e Tesouro estão entre as autoridades envolvidas nas deliberações, de acordo com uma reportagem do Wall Street Journal. O banimento das suas empresas representaria a mais drástica escalada de tensões por parte do governo Donald Trump, em razão da grande dimensão das duas empresas e da dificuldade de desfazer posições, segundo a matéria.
Resumo
A queda de 25% nas ações do BABA oferece uma atraente oportunidade para investidores de longo prazo e com maior apetite para o risco. Isso dito, é difícil prever os danos que esses ventos contrários podem gerar para a gigante da internet no curto prazo. Acreditamos que é possível haver uma queda maior, que oferecerá um melhor ponto de entrada para investidores que estão de fora.