O país convive com um momento extremamente dramático e traumático e não consegue adequar-se à absoluta necessidade de alinhar concomitantes ações na área da saúde, perfeitamente alinhadas a procedimentos sinérgicos, e, ao mesmo tempo e com racionalidade definir critérios para a retomada gradual da atividade econômica.
A prevalência desta dicotomia coloca à risco toda e quais perspectivas que se formule em torno do momento seguinte do país.
O esforço deve ser de tornar a política e suas politicagens algo menor e à parte do que é principal e essencial para o país e buscar a construção de estratégias factíveis, criando expectativas de efetiva melhora na crise da pandemia do coronavírus, na qual somos mencionados mundialmente como mau exemplo, e na retomada da atividade econômica que já aflige grande parte da população brasileira.
É preciso ter consciência de que provavelmente não será possível a conquista do ideal, mas sim do possível, mas ambos os vetores devem estar no foco como fatores essenciais e devem merecer atenção absoluta não sendo um excludente do outro.
É preciso entender que o Brasil é um país com enorme fragilidade fiscal e não pode ser fonte de recursos para todas as necessidades, e que sua população, predominantemente de baixa renda, depende, em grande parte, do seu trabalho informal, e então não há como ter solução para tudo e nem o governo pode tudo, e como consequência, a perspectiva de desalento se intensificará cada vez mais.
O Brasil deverá sofrer expressiva que no seu PIB neste ano de 2020, qualquer número neste momento é “chute”, então poderá ser 5% ou 10%, só o tempo poderá dar consistência ao dado, e, certamente terá um expressivo aumento do déficit fiscal, tudo levando a crer que a Dívida Pública Bruta vai ultrapassar os 100%.
Inflação e juro extremamente baixos são consequentes do estado letárgico da atividade econômica.
Na economia como temos ressaltado se salvam os negócios do agro e minérios, volta a origem do país colonial, então não há motivos no momento para empolgação em torno da B3, que ainda assim revela movimento do tipo “marola” e repercute para fomentar este comportamento fatores externos nem sempre correlatos com o nosso país.
O dólar e seu preço que foram envolvidos numa estratégia de governo para ser induzido à alta para ser atrativo aos investidores estrangeiros e conter a desindustrialização do país, acabaram atropelados na alta sem obter os resultados focados e ficou ao largo atingido pelos efeitos da pandemia no nosso país.
Perdemos credibilidade por razões políticas e crise fiscal e atratividade dada a letargia da atividade econômica e o juro baixo, sendo que este fator é altamente desestimulante ao capital estrangeiro especulativo, que sempre foi altamente contributivo para o fluxo de capitais estrangeiros, na fase pós “boom das commodities” que permitiu que formássemos reservas cambiais.
O que se observa é que o BC após ser indutor da alta do preço da moeda americana, já que “assistiu” sem intervir no momento certo à época, posteriormente passou a adotar somente a intervenção profilática no câmbio, sem foco no preço, mas sim na liquidez tanto no à vista quanto no a prazo e nas linhas externas para os bancos nacionais.
Contudo, mais recentemente parece ter sido surpreendido com pressão de depreciação forte da moeda nacional frente a moeda americana, já numa fase de menor intensidade de saídas de recursos estrangeiros do país, e isto pode ter emitido um sinal de alerta à autoridade monetária, qual seja a perda de credibilidade e não somente de atratividade poderia impulsionar uma outra vertente de demanda de dólares, provavelmente no mercado futuro para “hedge” patrimonial e isto, sem ter tido alarde, fez com que o BC, por seu Presidente e por Diretores, viessem a mercado enfatizar que o governo dispõe de reservas cambiais e poderá utilizá-las se necessário for para evitar distorções no preço do câmbio.
Afinal, não disse nada de novo e nada que não se saiba sobejamente, mas, de momento, causou alguma depreciação na taxa cambial, que consideramos absolutamente insustentável se não cumprir o alerta no tempo adequado, e acreditamos também que se necessidade houver no mercado de câmbio não será no segmento à vista, mas sim no mercado futuro que proverá a demanda com o derivativo para o “hedge” patrimonial.
A equalização da dicotomia saúde e economia nos parece que deveria ser o foco principal a ser perseguido pelas autoridades brasileiras, já que a dinâmica do conflito vem se revelando perdedora, mas acreditamos que o “dólar alto” veio para ficar e merece cuidados, pois se não houver percepção de avanços na direção de superar os conflitos entre os dois fatores, a pressão sobre o preço da moeda americana poderá ser renovada com demanda de “hedge”.