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À Beira de um Ataque de Nervos

Publicado 31.01.2022, 16:50
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Investidores e gestores de recursos no mundo estão à beira de um ataque de nervos com relação às expectativas econômicas do ano em curso. Que será de desaceleração em relação a 2021, ninguém tem muita dúvida. Porém, há dúvidas sobre como se comportarão as economias com aumento de juros e inflação, principalmente a partir da antecipação de movimentos do FED americano, além da redução do balanço de ativos carregados.
 
Com isso, os países emergentes acabam sofrendo bem mais, notadamente aqueles desequilibrados em suas finanças públicas (o Brasil parece ser bom freguês disso) e com níveis de endividamento elevados. No Brasil, a situação é ainda mais grave, pois deixamos de fazer reformas absolutamente essenciais, a âncora de teto de gastos foi violada e as eleições majoritárias polarizadas e antecipadas pioram tudo mais um pouco.
 
Por mais incrível que possa parecer, ainda assim, guardamos certo otimismo com relação ao desempenho do mercado acionário no ano, com a performance de janeiro já correspondendo a uma alta ao redor de 7%, faltando o último pregão do mês. Explicando melhor, intuímos que boa parte dos ajustes de expectativas já foi feita ao longo do segundo semestre de 2021, depois de o índice Bovespa ter atingindo 131.000 pontos. Basta ver a postura dos investidores estrangeiros ao longo de janeiro de 2022.
 
Em janeiro, até 27/01, os investidores externos tinham aportado recursos no montante de R$ 28,1 bilhões, enquanto em todo o ano de 2021 ingressaram com R$ 70,8 bilhões, o que já parecia muito bom, depois da saída de 2020. Ou seja, em menos de um mês, já atingimos quase 40% dos ingressos de 2021. Bem verdade que os investidores institucionais sacaram em janeiro (até essa data) R$ 24,6 bilhões, mas isso foi muito afetado por resgates em fundos, forçando o caixa e as vendas, além de alguma migração para renda fixa para aproveitar a alta de juros. Portanto, boa parte do movimento de proteção aconteceu em 2021, deixando 2022 um pouco mais limpo para flutuações.
 
Outro fator importante para ponderar é que as empresas com boas governanças já tinham se preparado para o complicado ano de 2022 reduzindo custo e alavancagem financeira, trocando dívida onerosa por mais barata, alongando prazos e fazendo captações em ações e debêntures, antecipando movimentos. Além disso, muitas fizeram aquisições que irão capturar sinergias e ampliar resultados. Bom, nem tudo é maravilha. Quem foi para risco maior e assumiu IPOs e empresas muito alavancadas, principalmente ao longo do segundo semestre, pode ter tido perdas acentuadas, decorrente da má avaliação dos mercados e riscos envolvidos na aventura.
 
Fora isso, ainda tivemos que absorver mudanças inesperadas com a variante Ômicron, risco geopolítico, Petrobras (SA:PETR4) politizada por candidatos, distúrbios nas varejistas pelos juros, privatização de Eletrobras (SA:ELET3) atrasada, venda da Braskem (SA:BRKM5) postergada por Petrobras e Novonor, Embraer (SA:EMBR3) e bancos mal avaliados. Mas é fato que o dólar valorizado deixou alguns setores e empresas baratas, com destaque para as exportadoras de commodities, bancos tradicionais, produtoras de equipamentos e proteínas, segmentos que desfrutam de boas expectativas para o ano em curso, lembrando que quase todos os países que possuem folga vão estimular investimentos em infraestrutura.
 
Portanto, considerando o que está posto e visível aos olhos dos analistas, há espaço para precificação melhor de alguns setores e empresas em 2022, com ações se mostrando descontadas. Porém, isso não retira a possibilidade de grande volatilidade do mercado, em função do quadro fiscal grave, possibilidade de medidas ainda mais populistas, polarização entre candidatos gerando ruídos (como agora, com Petrobras) ou ainda outras vertentes não exploradas ou desconhecidas que possam acontecer no processo sucessório.
 
Pensamos que algumas fases serão importantes. Quando forem definidos os vice-presidentes de chapas, se haverá ou não consolidação de uma terceira via e quando os candidatos começarem a expor seus planos para a economia, desemprego e renda do brasileiro. Mas isso ainda deve demorar alguns meses para começar a acontecer.
 
De qualquer forma, entendemos que há espaço para valorização seletiva de algumas empresas. Nesse ponto, acreditamos poder ajudar nossos amigos e clientes nas escolhas.

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