Mercado local repercutindo as incertezas e tensões da política, principalmente na reforma fiscal cuja votação da mudança do Imposto de Renda foi colocada de lado em meio às pressões de empresários, governadores e prefeitos. O pior é que não tem data.
O ministro da Economia Paulo Guedes continua não abrindo mão da taxação dos 20% sobre lucros e dividendos. Receio forte é de que não seja respeitado o teto de gastos por aqui.
Quanto a MP dos precatórios, o governo resolveu abrir mão da “regra de ouro” para permitir a autorização ao Congresso no uso de créditos suplementares, única forma de emitir dívida para pagar despesas correntes. Esta mudança representa a morte deste mecanismo de disciplina fiscal. Muitos mecanismos e todos apontam para manobrar as contas no intuito de levantar recursos para 2022. Essa medida dá ao investidor estrangeiro, e aos olhos do brasileiro também, um ar de pedalada fiscal, e aumenta o risco país. Se o Brasil pode não pagar o valor integral dos precatórios, será que daqui a pouco eles vão fazer isso com a NTN?
Na questão da política ainda, os embates entre o Judiciário e o Executivo tem dado tom de cautela no mercado interno. E apesar de índices e notícias que saem todos os dias, o que pesa mesmo é a tensão neste ambiente. Para os investidores estrangeiros, a imagem do Brasil lá fora é de total desconfiança sobre a governabilidade e o futuro político.
Ontem, Guedes afirmou que o governo não tem condições de pagar a conta de 90 bilhões de reais de precatórios prevista para o próximo ano, sob o risco de cometer um crime de responsabilidade fiscal. Pois é, a coisa não está fácil para o lado do Brasil.
Indicadores Econômicos
Dados do Brasil de ontem, setor de serviços cresceu 1,7 por cento em junho em relação a maio e teve alta de 21,1 por cento na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
O índice de preços ao produtor dos EUA teve alta de 1% em julho, bem acima do esperado de 0,6% na base mensal, enquanto a alta anual ficou em 7,8%, acima da expectativa de avanço de 7,3% sugerindo que a inflação pode permanecer alta, uma vez que a forte demanda continua prejudicando as cadeias de abastecimento. Pedidos de auxilio desemprego da semana passada nos EUA ficaram em linha com a previsão e abaixo do número revisado da semana anterior. Foram solicitados 375 mil benefícios, contra os 387 mil anteriores. Já o número de solicitações contínuas caiu de 2,980 milhões para 2,866 milhões, acima do previsto de 2,880 milhões.
Ainda falando nas terras do tio Sam, consenso é algo que está se tornando cada vez mais raro no Federal Reserve (Fed), em cada discurso um viés diferente sobre quando retirar os estímulos da economia por lá.
Como o mercado reage a tendências e notícias, discursos e boatos, a minha recomendação é cautela e se atualizar muito sobre cada evento importante do dia. Tendência mesmo é de alta, o que surpreende alguns analistas que falavam em real valorizado devido as altas esperadas para a Selic, o mercado deveria estar atraindo capitais, mas com o aumento do risco país e das incertezas políticas, o volume de entradas é pequeno e insuficiente para enfraquecer o dólar. Soma- se a isso um Fed sem rumo e a incerteza está garantida.
Para hoje, IBC-BR (um indicador criado para tentar antecipar o PIB), balança comercial de junho na Europa, e índices de percepção e confiança do consumidor de Michigan nos EUA.
Ontem, a mínima do dólar foi de R$ 5,21 e máxima R$ 5,2614. Fechamento em R$ 5,256.