Difícil
O que temos para hoje? - queda de 3,2% da indústria em 2014 - tombo de 31% nas vendas de automóveis em janeiro, pós benefício de IPI (!!)
- novo aumento nas tarifas de energia, de 50% sobre a bandeira tarifária vermelha (mais sobre isso, e quem ganha e quem perde, logo abaixo no PRO)
E não bastasse a dura realidade lembrada diariamente pela agenda de indicadores, ainda passamos por alguns constrangimentos...
Depois da tirada do Evo Morales e da importação de energia da Argentina, agora assistimos à economia russa jogar na nossa cara um crescimento de 0,6% em 2014.
Ou seja: uma economia emergente totalmente baseada em petróleo e gás (cujos preços derreteram), em guerra na fronteira com a Ucrânica e sofrendo sanções comerciais dos principais mercados do mundo, ainda consegue crescer mais do que o Brasil.
Mas, não esqueçamos: a crise vem de fora.
O efeito Levy-atã
Muito tem se falado sobre os méritos do ajuste fiscal, conduzido pelo ilibado Joaquim Levy, que já teria impactos sobre a curva de juros e sobre a recuperação da credibilidade do Brasil com a nova equipe econômica.
Diante disso, peço 5 segundos da sua atenção à seguinte tabela:
Se de fato há um movimento de recuperação da credibilidade brasileira em nível internacional, como explicar o fato de o redimento de todos os títulos do mundo de dívida soberana do mundo caírem (o que indica alta nos preços) este ano, à exceção de três?
Brasil, Grécia e Portugal
Diga-me com quem andas, e...
Estamos mesmo recuperando a nossa credibilidade?
A minha explicação
Mais uma vez: a farra do dinheiro barato, que assume contornos inimagináveis com a bazuca de Mário Draghi e indicadores abaixo do esperado da economia norte-americana (ontem foi o PMI), com apostas crescentes de que o Fed pode empurrar para frente seu aperto monetário, coloca os retornos (yields) em recordes históricos de baixa.
Mas mesmo oferecendo o último peru com farofa da economia global, com juros reais de 6%, algo que ninguém está oferecendo, ainda assim não acompanhamos com a mesma intensidade a compressão de yields em âmbito global.
Ou, aquele fenômeno visto logo no início do ano de juros longos caindo por suposta “credibilidade do Levy” já elvis. Provou-se mesmo um fenômeno global não atrelado ao Levy, e, para o caso brasileiro, insustentável.
O outro lado da moeda
Há uma outra constatação interessante a partir da tabela acima.
Pela primeira vez na história o rendimento (yield) dos títulos do Tesouro alemão (bunds) é inferior àquele oferecido pelos títulos japoneses.
Tá, e o que raios você tem a ver com isso?
O aumento da procura e consequente aumento no preço dos bunds alemães (queda no yield) se dá diante do início do programa de estímulos do Banco Central Europeu, com programa de compras de títulos no mercado.
É a forma que o Banco Central Europeu encontrou de promover crescimento e injetar liquidez no sistema diante da iminência de crescimento baixo e deflação no Velho Continente.
O que o Japão tem a ver com isso?
O país asiático mantém juros abaixo de 1% ao ano por anos na tentativa de combater décadas de crescimento zero e deflação econômica...
Economicamente, a Europa está com cara de Japão: há décadas tentando estimular crescimento, e simplesmente não consegue.
Aos 45 do segundo tempo: (Des)Graça
Acaba de sair a notícia de que o Planalto enfim comunicou Graça Foster de sua demissão, motivada, segundo diz-se, pela divulgação do balanço não auditado, e coincidentemente um dia depois do ex-presidente Lula “recomendar” a Dilma a substituição da executiva.
Três questões aqui:
Se uma semana atrás “Graça ficaria na Petrobras até provar a sua inocência”, o que mudou? Se a ação está explodindo com a notícia, quer dizer então que o problema era mesmo a Graça?
3. Quem governa o país?