A nova equipe econômica ao ser anunciada trouxe certo alento na forma de confiança de que o país possa desenvolver uma nova diretriz programática para a economia brasileira, envolvendo o combate às pressões inflacionárias com um mix administrado de política monetária combinada com o rigor na política fiscal, ao mesmo tempo em que o dólar passaria a ter o seu preço ajustado a mercado promovendo o alinhamento dos preços relativos da economia.
Embora reconhecido como um desafio imenso a situação da economia do país e a deterioração da política fiscal, a sinalização foi bem recebida e o dólar, antecipadamente à posse da nova equipe econômica, começou a galgar de forma sustentável preços mais elevados, com o BC, através do seu Presidente Tombini que permanecerá na nova equipe econômica, que a instituição não iria confrontar com esta tendência da moeda americana, destacando inclusive a necessidade do alinhamento dos preços relativos, já mencionado.
Mas, o tempo quando os ventos são contrários é perverso e assim, cotidianamente, parece que o contexto Brasil se torna mais desafiador e menos provável de uma reversão em dois anos.
Haverá de forma incondicional necessidade de medidas duras pela nova equipe econômica, deixando para trás o que foi praticado pelo Brasil que se imaginou grande e irreversível e acabou colhendo crescimento quase zero, política fiscal com resultado efetivo negativo, inflação alta, enfim desprestigio e baixa atratividade perante os investidores nacionais e estrangeiros.
Há uma crescente percepção de que o problema Brasil é muito maior e se agrava com novos fatos a partir dos movimentos externos se agregando aos já amplos e desafiadores nacionais.
As “commodities” agrícolas, com destaque para a soja, e metálicas tem seus preços em queda, e o país praticamente já não tem a indústria com potencial exportador, já que foi desconstruída por política cambial errática posta à serviço da contenção das pressões inflacionárias. Os países desenvolvidos certamente serão os grandes beneficiários em detrimento dos países emergentes produtores.
O petróleo tem o seu preço em franco declínio, o que beneficia o crescimento dos países desenvolvidos dependentes, mas que não deverá ser alinhado nos preços dos combustíveis no país, pois colocaria em risco o programas de investimentos da debilitada Petrobrás e ainda seria destruidor da nossa indústria de etanol e o próprio pré-sal.
Há ainda no horizonte o incremento do uso do xisto como energia, em especial pelos Estados Unidos, que é um sucedâneo ao petróleo, podendo concorrer com o mesmo até um preço de barril de petróleo a US$ 25,00.
Parece que para o Brasil pôr-se de pé o esforço precisará ser muito além do imaginado inicialmente.
O governo não tem folgas para concessões por isso precisará eliminar todos os ralos existentes que consomem a arrecadação fiscal, ao mesmo tempo em que a política monetária deverá jogar pesado contra a inflação em parceria com uma duríssima política fiscal.
A Presidenta Dilma se apoiar tudo que precisa ser feito terá que suportar reações dos seus partidários.
E, o dólar, será o instrumento para incentivar a retomada da atividade econômica a partir da desconstruída indústria nacional, dando-lhe competitividade no mercado externo, onde a concorrência é cada vez mais intensa, e no mercado interno, pois provocará o alinhamento dos preços dos importados que devem subir.
Estas atitudes de gestão seriam absolutamente inversas ao que foi praticada no primeiro mandato da Presidenta Dilma e naturalmente suscitará muitas medidas duras, dando origem a criticas.
Mas é imperioso que sejam tomadas caso contrário o negativismo em torno do país, que ainda está presente, se intensificará muito mais.
O dólar deverá flutuar no entorno de sua realidade no país, não havendo mais condições de mantê-lo com preços distorcidos, sendo esta a manifesta intenção posta pelo Presidente do BC, por isso tende a fechar o ano no entorno de R$ 2,60 e a única opção imediata para provocar reação da economia brasileira e evoluir ao longo de 2015 num ambiente em que à margem do seu preço a política monetária e fiscal irão cuidando das pressões inflacionárias.
Este nos parece o cenário prevalecente para 2015, sendo a discussão sobre a continuidade do programa de oferta de “swaps cambiais” absolutamente secundária, pois, mesmo que não defina um novo programa, sabidamente manterá o estoque em razão de não podê-lo reduzir na fase atual e se houver comportamento atípico do preço da moeda americana para maior, seguramente intervirá mas de forma pontual para as devidas correções.
É preciso entender que afora todos os problemas internos do país, o setor externo também sugere preocupação e atenção especial, pois os IED´s e captações por parte das empresas tende a queda em 2015.
Superar o cenário adverso do setor externo será também um desafio para o novo mandato da Presidenta Dilma, e precisa ser considerado de forma relevante, não bastando alardearmos que temos reservas cambiais de US$ 375,0 Bi. Todo o esforço deverá ser feito para que não sejam utilizados objetivamente os dólares das nossas reservas, porque poderia ser um sinal de fragilização da moeda nacional e forçar mais intensamente sua depreciação.